sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

As vezes da para o torto.


(despertador)
Eu já vocalizei do verbo vocalizar o quanto odeio acordar cedo?
Levanto-me, faço a minha rotina matinal onde visto as minhas habituais roupas e o meu amado all star.
- Bom dia! Digo entrando na cozinha e sirvo-me de uma taça de cereais.
- Bom dia filha! Responde-me a minha mãe apressada como todas as manhãs.
Neste rodopio arranjamo-nos e corremos para o carro. – Têm tudo? Pergunta-nos a mãe. E reparo que deixei a mochila no quarto depois de ter lavado os dentes.
- Falta-me a mochila!
-Ok, vai busca-la que estamos a tua espera no carro. Diz enquanto subo as escadas.
Depois de encontrar a minha mochila debaixo da cama e perguntar-me como foi ela lá parar, volto a descer.
Estava a abrir a porta da rua quando o meu pesadelo se torna real.
-Bom dia vizinha. Ouço lá fora.
Eu costumo ser um bocado lenta em raciocínio de manha, então só agora é que o dia de ontem está a regressar a mim.
-Merda. Ok… Em 24 horas descobri que tenho dois vizinhos lindos, apetecíveis e irritantes, que vou ter de actuar todos os dias.
-Olá, bom dia. A minha mãe tinha de ser a simpatia em pessoa não era?
- Não sabia que a casa ao lado tinha gente, depois de tanto tempo a venda.
-Sim, instalamo-nos este fim-de-semana.
- Verdade?
Saio de casa, pois já estava mais que atrasada.
-Bom dia Matilde, tens a ficha que a stora mandou para o mail ontem?
- Conhecem-se filha?
-Sim, foram eles que me deram boleia ontem. Respondo-lhe. – Bom dia.
-Filha, para a próxima diz-me o bem que te fiz em vires de boleia. A minha mãe acabou de me fazer um olhar sugestivo? Vou vomitar.
- Okay… Estamos a atrasarmo-nos uns aos outros.
- Tens razão. Diz Tirando a agenda de marcações da mala.
- Sim, sim vamos. Digo arrastando a minha mãe até ao carro.
- Minha filha… Diz lá se não tens a melhor mãe do mundo?
- Sim, a melhor. Resmungo. – Agora vamos.
- Não sei para que tudo isso? A voz da Inês faz-se ouvir do banco de traz. -Conheço melhor.
- Filha tens de dizer a mãe onde é o teu caixote do lixo.
- Matilde? Chama-me numa mudança brusca de assunto.
-Sim?
- Vais hoje depois das aulas. Começa. – Tens os documentos e os cartões na mala.
-Ok. Então é hoje…
Chegamos a escola, despeço-me da minha mãe e vou ter com as meninas.
Estavam todas sentadas no muro perto do prédio de aulas a aproveitar o raro sol que se fez aparecer hoje.
-Bom dia. Comprimento entre um bocejo.
-Bom dia. A letargia é tanta, que só a Helena e a Teresa, que estavam a discutir um trabalho, é que me reponderam. Fecho os olhos para a apreciar melhor o calor.
Céus! Tem estado tanto frio que este Sol de Inverno é Maná dos céus.
Calor…Calor vindo de um corpo que se colou as minhas costa e agarra-me com braços grandes e igualmente quentes. Confortável.
-Agora, quero um bom dia de verdade. Matilde da um salto, libertando-se e encarando a pessoa. Merda, não era como se tivesse mesmo de olhar para saber quem era.
– Bom dia. O comprimento saio de seus lábios mais como um praguejar.
- Não assim. De beicinho armado e braços cruzados, Rafael fazia mais lembrar uma criança birrenta.
- Então como? A pergunta foi feita sem a intenção de resposta, mas sarcasmo não deve existir na Itália.
- Assim. A resposta veio com as mãos que seguravam o seu queixo e juntavam a sua boca com a de Rodrigo no que de inicio era um selinho, para se transformar numa pequena batalha, de quem domina quem, feita pelas suas línguas.
Ele tem o sabor de menta e canela, provavelmente da pasta dos dentes, e cheirava a sabonete e loção da barba.
Como seres vivos que são, tiveram de se separar para poder receber o oxigénio que os seus pulmões reclamavam.

- O.M.G… Matilde olha em volta, para encontrar as amigas, á poucos momentos letárgicas, numa euforia como se tivessem tomado ecstasy como vitaminas ao pequeno-almoço.

-Vais contar T.U.D.O. Soletrava a Gatinha, enquanto era arrastada por Gabi e Teresa.

-Mas… Balbuciava Matilde ainda meio dormente, pelo beijo e a correria a volta dela. E salva pelo gongo, literalmente, pois toca para a entrada da primeira aula que ia ser Inglês. E como esta stora era tudo menos boa pessoa era bom chegar a horas.

- Se não tivéssemos esta Stora agora não, escapavas. Diz Gabi enquanto corremos para a sala.

Estou feita. Elas não me vão largar até eu dizer do sabor a textura da boca do tipo. Eu quero a minha mãe… Não espera… Não quero nada ela provavelmente ficaria do lado delas.
Chegamos há sala mesmo no niquinho do tempo. Temos sempre a mesma sala menos nos dias de biologia e química práticas.
Sentei-me no meu lugar ao fundo da sala, e tentei abstrair-me como sempre.
Porquê que não lhe bati? Podia tê-lo feito, mas aquele beijo foi desconcertante. Dominador, possessivo, mas com um Q de gentileza. O tipo de beijo de um homem que sabe o quer. Acho que fiquei viciada em menta e canela.
-Também quero um “bom-dia” assim! O meu cérebro esta a fazer aquele apito que a maquina cardíaca faz quando a pessoa morre. Estou com cara de parva e só me falta babar, pela inactividade cerebral.
-NÃO! Este não que deviria ser baixo e discreto, saio num alto e esganiçado grito que chamou a atenção de toda a turma.
- Ok, desculpa. Ele encolheu-se e o sorriso foi-se, como diria a Gabi, ele esta mesmo puto da vida.
Bem que se lixe. Não é como se tivesse beijado o irmão dele porque quis, só correspondi a um dos melhores beijos da minha vida.
O dia passo sem mais precedentes, consegui esquivar - me das meninas nos intervalos e nem sinal dos gémeos maravilha.
Hoje foi (sem contar de manha) estranhamente monótono, vai-se lá saber porque.
Pelo menos não esta a chover.
Sai da sala a passo apreçando, para fugir das meninas e das suas fatídicas perguntas. Sei que vou se bombardeada por elas no msn, mas pelo menos ai tenho tempo para pensar o que dizer, neste caso escrever.
-MATILDE. 
Ainda perto dos portões estão os meu novos  “ amiguinhos” notem a ironia.
-Espera! Grita Rafael, como eu sei que é ele? Conheço os a dois dias e o Rodrigo não faria um escândalo destes.
- Onde vais?
- Para casa. Respondo num tom de óbvio.
- Não vens connosco?
- Obrigado, mas já abusei o suficiente de vocês. Sorrio. – Além disso tenho um sitio a onde ir.
- Olha! Começa agarrando-me o braço com certa força. – Estamos mais ligados do que tu possas imaginar.
Pronto. Ele passou de pateta irritante, para o que parece um perseguidor.
(toque do telemóvel)
 Ainda a olhar para ele tiro o móvel bolso do moleton e atendo.
(móvel on)
-Sim?
- Filha? É a mãe, já estas a caminho?
- Estou a sair da escola agora. Só estou a espera dele.
-Ok. Quando estiveres a entrar, dá-me um toque.
 -Sim. Adoro-te beijo.
(móvel off)
- Sabes que mais? Digo libertando-me da mão que me prendia o braço num aperto de ferro. – Eu tenho de ir.
- Ei, ainda não acaba-mos a conversa. Ele tenta segurar-me outra vez mas sou mais rápida e esquivo-me.
- O que quer, que tu penses que temos, não existe. Grito. – Não me voltes a falar.
- Esta tudo bem por aqui Matilde?

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